Milonga de Bulnes
Histórias que surgem das ruas, de trás de mesas de escritório, em ônibus e trens lotados, no tempo perdido fazendo aquilo que não somos, enquanto nos perdemos nas paisagens cinzentas da cidade. Às vezes, esses contos exigem ser cantados.
O cantor e compositor catarinense Denis Graeff já fez muitas coisas na vida, teve empregos de escritório, atuou na televisão e chegou mesmo trabalhar como crupiê de blackjack em um cassino nos Estados Unidos. Contudo - mais importante - ele é um poeta, que constrói sua música em torno das histórias pessoais encontradas ao longo de seu caminho. Inspirado por alguns dos grandes poetas da música - Leonard Cohen, Nick Cave, Jacques Brel - e artistas com forte senso de experimentação como Serge Gainsbourg, David Bowie, Kraftwerk e Astor Piazzolla, ele não se prende a um gênero musical imutável. Vindo do Brasil meridional, ele busca em seu ambiente, suas raízes e sua história pessoal elementos de composição, levando à criação de baladas urbanas, poemas eletrônicos e milongas modernas que retratam as desilusões das metrópoles.
Após muitos anos escrevendo poemas e compondo só para si e para os amigos, em 2014 começa a gravar demos e se apresentar pelos palcos de catarinenses. E logo a música o leva por caminhos inesperados.
Seu trabalho atual é baseado na música de suas raízes no sul do Brasil e na bacia do Rio da Prata. Mas não de uma maneira óbvia. Os elementos familiares do tango, milongas e payadas são reinterpretados, tirados do seu ambiente natural e línguas nativas para criar viscerais canções contemporâneas. Os arranjos eletrônicos e experimentais, assim como as paisagens sombrias da metrópole, são elementos que ultrapassam as fronteiras geográficas e estilísticas dos gêneros tradicionais e levam a profunda expressividade emocional da música sul-americana a um público mundial.
O cenário, contudo, é bem definido. Trata-se de Buenos Aires, a capital dos pampas, a cidade infinita, ponto de encontro da América do Sul e do mundo, uma fusão de sensibilidades populares e o gênio de grandes escritores, local de colisão das massas anônimas e das ondas de sonhadores que continuam batendo em suas ruas. É, também, o lar simbólico das músicas e histórias de vida do compositor.
Em 2018, Denis Graeff já lançou os singles “Lady of the Mirror” - uma balada inspirada em Leonard Cohen - e “Well Past Midnight Hour”, uma payada subvertida, cantada em inglês com camadas de violões e vozes sobrepostas numa dança de desejo e hesitação. Ainda neste ano, essas e outras composições farão parte de seu álbum de estréia, “Bulnes 12 40”.